Notícias
06/06/2012 07/06/2012 13h49m
Prefeitura recebe o arquiteto Danilo Francisco Landó. O idealizador de uma Santa Maria que poderia ter sido, conversou com o público

Danilo Francisco Landó, um dos mais importantes arquitetos urbanistas gaúchos, responsável pelo Plano Metropolitano de Porto Alegre e por dois Planos Diretores em Santa Maria, realizou, a convite do prefeito Cezar Schirmer, a palestra “Uma conversa com Landó: um visionário de Santa Maria”, na tarde da última quarta-feira (6), no Salão Nobre da Prefeitura Municipal.
Comparando a si mesmo com uma fênix, pássaro mitológico que ressurge das cinzas, uma vez que a cidade o redescobriu após uma matéria de um jornal local, o arquiteto falou para um público seleto de autoridades, representantes de entidades, estudantes de arquitetura e engenharia, além de servidores municipais, sobretudo do Escritório da Cidade e Secretaria de Município de Habitação e Regularização Fundiária.
Mas ao conhecê-lo, o que menos se associa a sua figura são cinzas. Landó denota toda a efervescência de ideias que os jovens são obrigados a ter com o acesso à informação e capacidade de compartilhamento do pensar que configura a atualidade. Atual, aliás, é o melhor adjetivo para descrever esse simpático senhor de 84 anos, dono de uma retórica irreparável que surpreendeu a todos utilizando seus conhecimentos em urbanismo e planejamento para conectar assuntos inerentes a vida de uma comunidade.
Seu caráter visionário, que briga com os cabelos brancos, fica claro com a abertura de sua palestra. “Eu não vou falar da história de Santa Maria. Todo mundo sabe. Posso falar sobre a Santa Maria que eu conheci. Mas o que importa é a Santa Maria que existe hoje e a que pode vir a ser no futuro”, disse Landó.
A Santa Maria que Landó conheceu clamava por mudanças em plena década de 60 quando o arquiteto assumia a Faculdade de Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a convite do então reitor José Mariano da Rocha Filho. A ligação com a cidade rendeu projetos urbanísticos e dois planos diretores que envolviam transformações drásticas na paisagem que a população estava acostumada.
Entre elas estavam a criação de um metrô de superfície que ligaria as regiões leste e oeste da cidade, entre Tancredo neves e Camobi; a construção de uma avenida paralela à Av. Rio Branco, interligada por túneis, no local onde hoje é o Parque Itaimbé, com a finalidade de desafogar o trânsito da região central; e a instalação do Distrito Industrial em Camobi. “Essa Santa Maria que eu conheci tinha muitos problemas do ponto de vista urbanístico que eu identifiquei e procurei apresentar projetos que pudessem resolver”, conta Landó, que de todos os planos apresentados, viu nascer apenas um, o Viaduto Evandro Behr, e mesmo assim, não em sua plenitude.
A inabilidade política dos governantes da época, que levou ao engavetamento dos planos traçados por Landó, é lamentada até hoje, sobretudo pela falta que esses remanejos fazem ao mapa de Santa Maria. Para o ex-deputado estadual Renan Kurtz, que era vereador na época em que o primeiro plano diretor fora desenvolvido, o não andamento dos projetos de Landó refletiram no futuro. “Depois desse período, os prefeitos não deram valor ao planejamento e acabaram por envolver os arquitetos em trabalhos menores”, diz o ex-deputado.
Já para o professor do Curso de Arquitetura do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Nabor Ribeiro, mesmo não tendo sido executado, o planejamento de Landó serve de aprendizado. “Dentro das questões que envolvam as cidades, é impossível planejar sem conhecer sua história, formação política e seu desenvolvimento cultural. E o planejamento é importantíssimo nessa história. Não só o que foi efetivado, mas o que foi pensado. Assim, a presença do professor Landó é de suma importância exatamente para resgatar essa história", afirmou.
Já o prefeito Cezar Schirmer prefere olhar para Landó e vislumbrar o futuro. “Que a presença dele hoje sirva de exemplo para que daqui a 30, 40 anos, não estejamos lamentando mais uma vez aquilo que foi deixado de fazer. Que não precisemos lamentar o desperdício da genialidade de mais ‘Landós’”, resume o prefeito.
Texto e fotos: Jorn. Guilherme Bicca
Ilustrações: Arquivo jorn. Ceura Fernandes