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02/01/2018 03/01/2018 09h18m

Prefeitura monitora dezessete casos suspeitos de Leishmaniose Visceral Canina em Santa Maria


Tutores devem estar atentos à saúde cães (Foto: Deise Fachin)

Enquanto aguarda confirmação de exames, Superintendência de Vigilância em Saúde reforça a atenção em bairros da Região Norte

 

A Prefeitura de Santa Maria está monitorando casos suspeitos de Leishmaniose Visceral Canina registrados no Município em 2017. De acordo com a Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, até o momento, foram realizadas 96 coletas em 43 residências. Destas, 17 foram classificados com resultado positivo e aguardam retorno do Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) para sua confirmação.

O superintendente de Vigilância em Saúde, Alexandre Streb, e o médico veterinário do Município, Carlos Flavio Barbosa da Silva, explicam que os casos suspeitos estão sendo acompanhados de perto.

“Os casos caninos estão sendo investigados. Estamos saindo a campo para coletar sangue dos animais, a elaboração de uma Ficha de Investigação Individual e com aplicação de testes rápidos. As amostras que apresentam reagentes são encaminhadas para o Lacen, onde é realizado novo exame sorológico para a confirmação da doença”, afirma Streb.

Além dos exames clínicos, a Vigilância em Saúde também está orientando os proprietários de cães quanto às formas de transmissão da Leishmaniose Visceral Canina, modos de transmissão, medidas preventivas e cuidados com os animais, com a limpeza da residência e dos pátios, entre outras.

Neste mês, os técnicos estarão atuando também com a colocação de armadilhas em alguns pontos da cidade, na tentativa de capturar o mosquito-palha (Flebotomíneo), pequeno inseto de cor amarelada, transmissor da Leishmaniose. A ação se concentrará na Região Norte da cidade, local com maior incidência de casos suspeitos.

Em Santa Maria a situação está sob controle e sendo monitorada, mas requer cuidados. Em Porto Alegre, há registro de quatro casos fatais de Leishmaniose em humanos. Por isso, caso o proprietário de cães observar sintomas característicos como perda de peso, pelagem opaca, falta de apetite, úlceras, anemia, apatia, inchado nos gânglios, diarreias e vômitos persistentes, além do crescimento exagerado das unhas e seborreia, deverá procurar imediatamente um médico veterinário.

Para o monitoramento dos possíveis casos de Leishmaniose Visceral Canina Canina, o Município conta com o apoio da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, do Lacen-RS, da Vigilância Ambiental em Saúde, de doutorandos e residentes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e de Biomedicina do Centro Universitário Franciscano.

 

SAIBA MAIS SOBRE A LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA*
 

O que é a Leishmaniose Visceral Canina?
É uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. Pessoas residentes em áreas onde ocorrem casos de Leishmaniose Visceral Canina, ao sentirem esses sintomas devem procurar o serviço de saúde mais próximo a sua casa o quanto antes, pois o diagnóstico e o tratamento precoce evitam o agravamento da doença, que pode ser fatal se não for tratada.

Como se transmite a Leishmaniose Visceral Canina?
A transmissão acontece quando fêmeas de insetos flebotomíneos infectados picam cães ou outros animais infectados e depois pica o homem transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.

Como são chamados os insetos que transmitem a doença? E quais suas principais características?
Os transmissores da Leishmaniose Visceral Canina são insetos denominados flebotomíneos e conhecidos popularmente como mosquito-palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. O nome científico da espécie de flebotomíneo mais importante para a transmissão da doença é Lutzomyia longipalpis. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. O ciclo biológico do vetor ocorre no ambiente terrestre e passa por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto (forma alada). Desenvolvem-se em locais úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os flebotomíneos se desenvolvem). O desenvolvimento do ovo à fase adulta ocorre em cerca de 30 dias.

As formas adultas abrigam-se nos mesmos locais dos criadouros e em anexos peridomiciliares, principalmente em abrigos de animais domésticos. Somente as fêmeas se alimentam de sangue, pois necessitam de sangue para o desenvolvimento dos ovos e sugam uma ampla variedade de animais vertebrados. A alimentação é predominantemente noturna. Tanto o macho quanto a fêmea tendem a não se afastar muito de seus criadouros ou locais de abrigo podendo se deslocar até cerca de um quilômetro, com a expressiva maioria não indo além dos 250 metros. O tempo de vida (longevidade) da fêmea é estimado, em média, em 20 dias.

É possível combater o inseto transmissor? Quais ações podem ser feitas para evitá-lo e controlá-lo?
Sim. Especialmente com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambiental (manejo ambiental). Ou seja, por meio de limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os flebotomíneos se desenvolvem) e destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das formas imaturas dos flebotomíneos; limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente durante a noite, de modo a reduzir a atração dos flebotomíneos para o intradomicílio.

Outra forma de controle do inseto transmissor é por meio do uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). Porém a sua indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos como municípios de transmissão intensa (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de Leishmaniose. Ressalta-se que esta medida é direcionada apenas para o inseto adulto, daí a importância de desenvolver ações de manejo ambiental de forma a destruir os locais de desenvolvimento das formas imaturas do vetor (ovos, larvas e pupa).

A Leishmaniose Visceral Canina tem tratamento em seres humanos?
Apesar de grave, a Leishmaniose Visceral Canina (LV) tem tratamento para os humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde e baseia-se na utilização de três fármacos a depender da indicação médica: o antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime®), a anfotericina B e a anfotericina B lipossomal.

E para os cães? Existe tratamento eficaz?
O tratamento da Leishmaniose Visceral Canina Canina (LVC) traz riscos para a Saúde Pública por contribuir com a disseminação da doença, pois os cães não são curados parasitologicamente, permanecendo como reservatórios do parasito, além do risco de desenvolvimento e disseminação de cepas de parasitos resistentes às poucas medicações disponíveis para o tratamento da Leishmaniose Visceral Canina humana. Os medicamentos utilizados atualmente para tratar Leishmaniose Visceral Canina não eliminam por completo o parasito nas pessoas e nos cães, no entanto, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão que é o principal reservatório do parasita em área urbana. Portanto, nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém os mesmos ainda continuarão como fontes de infecção para o vetor, e, portanto um risco para saúde da população humana e canina.

A eutanásia de cães é a única solução?
A eutanásia é recomendada como uma das formas de controle da Leishmaniose Visceral Canina (LV), mas deve ser realizada de forma integrada com as demais ações recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS). Vale ressaltar que a mesma é indicada como forma de controle por meio de inquéritos censitários apenas para municípios com transmissão moderada e intensa, o que atualmente equivale a 251 municípios no Brasil.

Existem formas de prevenir a infecção tanto no cão quanto no homem. Para tanto é fundamental a limpeza de quintais através da retirada de matéria orgânica (folhas, troncos, restos de vegetação), lixo, limpeza periódica dos abrigos de animais domésticos e, se possível, manter os abrigos de animais afastados da casa. Lembrando que, para que a transmissão da doença ocorra é preciso ter a presença do inseto flebotomíneo, por isso devemos manter a higiene permanente do ambiente de forma a reduzir ou eliminar os potenciais criadouros destes insetos, consequentemente, promovendo a proteção dos cães e dos seres humanos contra a doença. Recomenda-se também, como forma de impedir que o vetor se instale dentro de casa, o uso de telas de malha fina em janelas e portas.

Existem outras ferramentas preventivas que merecem ser melhor avaliadas do ponto de vista do uso em saúde pública. Uma dessas ferramentas é a coleira impregnada com deltametrina a 4%. O Ministério da Saúde está financiando um estudo para avaliar o impacto do uso dessa ferramenta no controle da doença humana em municípios de transmissão intensa do país.

Existem vacinas contra Leishmaniose Visceral Canina canina no Brasil? O Ministério da Saúde recomenda o seu uso?
Atualmente existe uma vacina antiLeishmaniose Visceral Canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial n° 31, de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da Leishmaniose Visceral Canina em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de Saúde Pública. 

A vacina está indicada somente para animais assintomáticos com resultados sorológicos não reagentes para Leishmaniose Visceral Canina. Cabe destacar que o imunobiológico não é o único instrumento de prevenção individual da Leishmaniose Visceral Canina (LVC) e que outras medidas devem ser adotadas, conforme normatização do Ministério da Saúde. Os animais que apresentarem sinais clínicos compatíveis com LVC e/ou reações sorológicas reagentes estarão passíveis das medidas sanitárias vigentes.

*Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, disponível neste link

 

 

Texto: Ana Bittencourt (Mtb 14.265)
Foto: Deise Fachin
Superintendência de Comunicação
Prefeitura Municipal de Santa Maria

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