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04/04/2011 04/04/2011 12h19m
Prefeitura e INPE identificam áreas com potencial de alagamentos e discutem ações preventivas

Com a proximidade do inverno e o início da temporada de chuvas a Prefeitura Municipal de Santa Maria já antecipa algumas ações preventivas. Nesta segunda-feira (4), uma iniciativa da Secretaria de Ação Comunitária, reuniu pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) para discutir sobre as áreas com potencial de alagamento na cidade e as ações para evitar o problema. A primeira reunião de trabalho para tratar do tema também teve a participação da Defesa Civil do município, Escritório da Cidade, Secretaria de Infraestrutura e Serviços, Secretaria de Mobilidade Urbana e técnicos do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA/SM).
Foram convidados para fazer uma exposição a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Aplicação de Geotecnologias em Desastres Naturais e Eventos Extremos do INPE, Tânia Sausen e o pesquisador do Núcleo, Daniel Borini. Utilizando técnicas de geoprocessamento e imagens de satélite, Borini desenvolveu um trabalho de identificação das áreas de potencial alagamento na cidade, denominado “Modelagem Dinâmica do Escoamento Superficial na Área Urbana de SM”.
A pesquisa, financiada pelo CNPq e que foi explanada durante o encontro, analisa o uso e ocupação do solo e o tipo de solo. A partir destes dados o trabalho estabelece um parâmetro de áreas com maior escoamento e áreas com menor escoamento (em que ocorre mais infiltração do que escoamento). Após a análise do escoamento foram avaliadas as áreas com potencial para a ocorrência de alagamento.
A partir desta etapa do estudo os geólogos concluíram que oferecem maior probabilidade de alagamento as áreas onde o potencial de escoamento superficial é alto e a declividade do terreno é baixa. “Isso faz com que a água acumule”, explica Borini. Entre estes locais estão regiões da Vila São João, da Vila Ecologia, da Vila Urlândia e algumas áreas do Centro da cidade, com baixa declividade. No total foram identificados cerca de 643 hectares em relação a área total urbana do município que é de aproximadamente 12,9 mil hectares.
Daniel Borini faz questão de ressaltar que nem todas as áreas mapeadas sofrerão com alagamentos. Segundo ele, não foi analisado no trabalho a infraestrutura necessária para lidar com o alto escoamento superficial, como a existência de rede pluvial adequada. “Se existem estas estruturas a probabilidade de alagamento diminui bastante”, frisa Bonini. Ainda na opinião do pesquisador estas reuniões são o princípio de ações preventivas. “O mapa pode servir como base para iniciar as discussões sobre alagamentos na cidade, auxiliando na melhor delimitação das áreas”, conclui o pesquisador do INPE.
Já a coordenadora do Núcleo, Tânia Saussen ressalta que o estudo pode ser um importante instrumento na prevenção aos problemas de alagamentos. A pesquisadora, no entanto, chama a atenção para outros componentes fundamentais, como a limpeza urbana e o melhor planejamento da ocupação da cidade. “A população pode fazer sua parte não jogando lixo nas ruas”, explica Tânia.
Defesa Civil do município atua em casos de alagamentos
A Defesa Civil do Município já atua diretamente no socorro às vítimas de alagamento. O coordenador do órgão, Cladmir Nascimento, reforça que o objetivo é que a partir deste encontro se estabeleça uma discussão com a sociedade e com os órgãos municipais para encontrar saídas para o problema. Como ação preventiva Nascimento explica que a partir da identificação das áreas, será possível orientar a construção civil para que não construa prédios ou casas que venham a apresentar problemas no futuro.
Outra possibilidade levantada pelo coordenador da Defesa Civil do município é a busca de alterações no Código de Posturas e no Plano Diretor, além da criação de um Plano Diretor de Drenagem Urbana, que já está sendo discutido dentro do Executivo e no Legislativo. “O objetivo é que esta legislação possa fazer o papel de prevenção aos efeitos das catástrofes, que conforme os estudos atuais sobre as alterações climáticas tendem a se agravar”, informa Nascimento.
A Defesa Civil do município acrescenta também, que além das áreas relatadas pelo pesquisador, outras também se enquadram como áreas com risco de alagamento, entre elas o entorno dos morros que contornam a cidade; as margens do Vacacaí Mirim; além de áreas centrais, como a esquina da Rua Floriano Peixoto com a Rua Tuiuti; a Ângelo Bolson entre a Medianeira e a Presidente Vargas e a Avenida Liberdade próximo ao Avenida Tênis Clube.
Texto:Jorn. Vera Jacques
Fotos:Carlos Nunes
Ilustração: INPE